TRECHOS: Alberto Martins fala como ser editor de livros ensinou ao escritor (que ele também é)
“Falando como escritor, eu recebi muito do lado editorial. Essa consciência do livro como lugar social, como corrente que articula fazeres muito diversos. Por exemplo, lembro do revisor. Uma tarefa ingrata: mal pago, (o trabalho) exige muito, um grau de atenção, que não é questão de talento. Há pessoas que têm atenção a minúcias, outras não. Tem um temperamento para o revisor, que é essa questão… posso ler um poema?”
Esse é um trecho da participação do poeta, escritor e editor de livros (há mais de 20 anos na Editora 34, antes na Cosac Naify) Alberto Martins, no programa PublishNews Entrevista, que tem seus episódios publicados no YouTube.
Alberto leu o poema “Da alma de um revisor de textos”, no livro Trânsito, publicado pela Companhia das Letras em 2010.
“Da alma de um revisor de textos
muitos não acreditam / quando digo que a literatura/ é meu ganha-pão// ― se você não escreveu nenhum livro/ como pode viver de literatura? ― // eles não sabem/ que as páginas dos livros/ não se escrevem por si/ e entre as linhas/ milhares de sinais invisíveis/ ordenam o mundo// (só a eles respondo)”
“Esse é meu conceito ampliado de literatura. O revisor vive de literatura. Não escreveu, mas vive disso. O editor vive de literatura. E literatura não é só Machado de Assis e Flaubert. É tudo o que é escrito na nossa área de circulação e que exige alguém que saiba escrever, alguém que saiba arrumar, alguém que edite, alguém que saiba ler. Esse é o mundo da palavra escrita.”
Abaixo, a entrevista inteira: