CAMINHOS DA EDIÇÃO: VALE PUBLICAR TRABALHOS ACADÊMICOS?
A editora Oficina Raquel, do Rio de Janeiro, lançou em dezembro de 2020 um selo dedicado à publicação de trabalhos acadêmicos. É na verdade a continuidade de um serviço que já era realizado na casa, enfim formalizado.
Conversando com a editora, Raquel Menezes, fica claro que há uma preocupação grande em esclarecer que o financiamento da obra por parte do autor não significa, nesse caso, autopublicação. Isso porque a editora exerce sua premissa de escolha, de aprovação, de estabelecimento de critérios.
Alguns pesquisadores conquistam acesso a verbas, públicas ou bolsas privadas, tanto para pesquisa quanto para publicação. Mas ainda que contratem serviços de diagramação, revisão e impressão, não raramente fica faltando chegar aos leitores.
“O lema da editora é ‘Transforme seu trabalho acadêmico em livro’. Mas tem outro: ‘Participe dessa rede de professores e pesquisadores’. A função da Universidade vai além da produção de teses, dissertações e artigos. É sobre criação de sentidos”, disse Raquel Menezes, sobre o encontro essencial desses trabalhos com outros professores e pesquisadores.
Menezes é ainda bastante ligada à Academia. Em 2017 concluiu seu doutorado em Letras Vernáculas, na UFRJ. Os demais editores da Oficina Raquel também são mestres ou doutores, o que facilita as conversas.
Um dos desafios é convencer que o formato digital pode ser um facilitador e que, ao contrário, o impresso se tornar um entrave — uma avaliação caso a caso.
Então, respondendo à pergunta feita no título, por enquanto a resposta é sim, é válida a publicação de trabalhos acadêmicos, desde que de forma adequada ao nicho, sem pensar em grandes tiragens, considerando fortemente o ebook, investindo energia e conhecimento na divulgação mais apropriada em cada nicho.