Uma vivência chamada DESIGN THINKING

By 14 de julho de 2020 Blog

Uma vivência chamada DESIGN THINKING

Daniela Senador, professora do curso que tem início em agosto na LabPub, conta como descobriu a metodologia que vem transformando também o mercado de livros no Brasil.

Pensar como fazem os designers, o que significa? Melhor não caminharmos para conceitos neste momento. Talvez o que você queria mais saber é de alguma experiência próxima com esse método, não é? Conversamos com a professora do curso DESIGN THINKING PARA O MERCADO EDITORIAL: LIBERE A CRIATIVIDADE E IMPLEMENTE SUAS IDEIAS, Daniela Senador, justamente com esse objetivo.

LabPub — Você se lembra de quando começou a ter contato com o conceito de Design Thinking? A transposição dessa abordagem para o mercado editorial foi imediata na sua cabeça?

Daniela Senador — Eu comecei a ter contato com Design Thinking em 2011, numa consultoria de gestão do conhecimento e inovação chamada TerraForum. Quando ingressei, ela já usava metodologias hoje bastante disseminadas, mas tinha esse índice de inovação interno, vamos dizer. A colaboração, que é um dos princípios da gestão do conhecimento, já era amplamente disseminada ali, não só nos projetos, mas internamente. Os colaboradores não tinham mesa fixa. Podiam se sentar onde quisessem e isso proporcionava um intercâmbio de conhecimento entre profissionais de projetos diferentes. Metodologias de cocriação já eram colocadas em pratica com clientes e com consultores. Uma experiência muito enriquecedora.  O consultor não é aquela figura que visita o cliente, absorve informação, volta para casa e oferece solução pronta. O Design Thinking promove o mapeamento do processo com diversas pessoas e chega a conclusões construídas, somando conhecimentos críticos de vários profissionais. Isso pode acontecer por meio de visual thinking, em que absorve o modo de trabalhar dos designers e transpõe.

LabPub —A transposição dessa abordagem para o mercado editorial foi imediata na sua cabeça?

Daniela Senador — Quando eu tinha minha agência de consultoria, a Soneto, junto com a Mila Marques e a Bete Lopes criamos um núcleo de negócio que se chamava Soneto Empreenda. Vivenciamos a demanda de diversos micro e pequenos empreendedores por projetos de planejamento estratégico. A partir de metodologias tradicionais, esses trabalhos seriam muito extensos e aprofundados, portanto mais caros, por envolver muitas horas dos consultores. Era inviável, tanto do ponto de vista da rapidez quanto do financeiro. Projetos baseados em Design Thinking se mostraram excelentes soluções, cocriar juntos e ter precificação mais competitiva. Conseguimos cinco anos atrás pôr em prática metodologias de Design Thinking ainda na Soneto. Ele não foi pensado incialmente para mercado editorial. Mas nesse período conseguimos atender segmentos diversos de negócios e também o mercado editorial, tanto editoras independentes quanto livrarias de grande porte como a Martins Fontes, por exemplo. O primeiro ponto é que o mercado editorial vive uma roda viva. São muitos fatores simultâneos operando, que comprometem o faturamento das editoras. Assistimos ao problema de Saraiva e da Cultura, e o questionamento do modelo de mercado relacionado à consignação. Além disso, agora, todos os entraves e ataques contra o mercado cultural, de forma mais ampla, o que abalou fortemente o mercado dos livros. Correções de rota com agilidade são cada vez mais importantes. Claro que não é necessidade exclusiva do mercado editorial. O mundo caminha para as metodologias ágeis. As tradicionais, baseadas em cronogramas em cascata, são totalmente questionadas porque não envolvem todos os profissionais, em todas as etapas dos projetos, não fomentam a disseminação de conhecimento (que é holística), estendem demais e encarecem o processo.  E quando o resultado acontece já nasce anacrônico, não faz mais sentido implementar o que foi planejado porque é tudo muito dinâmico. Defendo muito planejamentos a curto prazo, por exemplo dentro de três meses para depois rever, analisar o que deu certo e o que não deu e fazer correções, reimplementar. Então, Design Thinking entra conectado com metodologias ágeis. O cliente tem um conhecimento crítico inerente à organização, ao segmento de mercado, sua própria vivência, que não pode ser desprezado pelo consultor. Integrar esses conhecimentos envolve diversos profissionais dessas organizações. Eles participam desse processo. Não é apenas a área contratante. Tem mais agilidade, com foco em resolução de problemas em curto prazo. Faço parte do mercado editorial há mais de dez anos e vi como seria importante para esses profissionais se atualizarem nesse sentido. Aprender metodologias baseadas em Design Thinking e pôr em prática dentro das próprias editoras – tanto as pequenas quanto as grandes, como a FTD. Tive essa experiência com Isabel Lopes Coelho dentro de um processo de Design Sprint para reposicionamento da área da qual ela é gerente, que ela vai compartilhar em uma das aulas, uma super convidada no curso.

LabPub — Você pode dar um exemplo de como o Design Thinking influenciou sua própria atuação profissional, comparado com antes de se aprofundar no conceito?

Daniela Senador — Eu posso dizer que fiz parte de um a geração que viu a transição das metodologias tradicionais para ágeis, como foi transformando o modo de pensar das próprias organizações. Por isso a gente fala de customer centricity, organização toda baseada no olhar para as necessidades, desejos dos clientes, para pensar em soluções. Não são soluções apenas para produtos e serviços, mas aos processos de trabalho. Então as metodologias ágeis estão cada vez mais sendo utilizadas por empresas de diferentes portes. É possível implementar o Design Thinking em vários tipos de métodos, sem descartar os tradicionais. O mundo caminha para isso. Ler o Manifesto Ágil pode ser útil para qualquer tipo de empresa. O mercado editorial é particularmente carente quanto a planejamento. A gente sabe que a parte de marketing, de dez anos para cá, evoluiu muito. Mas em relação a outros segmentos do mercado ainda está engatinhando. Mas essas metodologias podem trazer benefícios muito grandes para esse meio, que tem enorme potencial.

DESIGN THINKING PARA O MERCADO EDITORIAL: LIBERE A CRIATIVIDADE E IMPLEMENTE SUAS IDEIAS

O curso tem como objetivo tornar o participante apto a desenvolver projetos por meio das técnicas do Design Thinking. Serão apresentados os seguintes pontos:

  • Os pilares do Design Thinking
  • Criação de um plano de negócios por meio do Design Thinking
  • Desenvolvimento de um Mapa de Empatia para editoras
  • Proposta de valor – o que é e como buscar a do seu negócio
  • O Design Thinking na FTD – estudo de caso

São 12 horas/aula, EaD ao vivo, a partir de 3 de agosto. Inscreva-se!

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