Livro: uma questão de oferta

By 18 de fevereiro de 2020 Blog

Livro: uma questão de oferta

Professor na LabPub, Diego Drumond acredita que a maioria das cidades do Brasil poderia sim ter livrarias, o que ainda não é a nossa realidade. Mas o livro chega e ele explica como.

Ele acabou de atravessar uma semana intensa, com a realização do 18º Salão de Negócios da ABDL  (Associação Brasileira de Difusão do Livro). Então foi entre o cansaço e o entusiasmo que Diego Drumond, vice-presidente de comunicação da entidade e diretor comercial da Faro Editorial parou para responder a algumas dúvidas nossas sobre o mercado editorial brasileiro. Mesmo entusiasmo pelas aulas que vai dar no curso que teve início essa semana aqui na LabPub: VENDAS PARA O MERCADO DE LIVROS.

LabPub – Em capitais como São Paulo, Rio, BH, Recife, a gente fala de venda de livro e logo pensa em livraria (sem contar a internet). Mas fora das capitais, qual a realidade brasileira? Nesse contexto, qual o papel da venda porta-a-porta?

Diego Drumond – Acredito que temos poucos pontos de venda de livros em todo Brasil, inclusive nas capitais. Fora dos grandes centros, o cenário é desolador quando procuramos livrarias, o mais comum é constatarmos a ausência de locais fixos onde se possa escolher e adquirir livros. A grande maioria dos municípios brasileiros não tem livrarias, e o livro encontra as pessoas através de vendedores, feiras e eventos, pontos de conveniência, catálogos e muitas outras formas de varejo ou venda direta. O papel do vendedor de livros nestes locais é de levar opções, orientar nas aquisições, escolher os títulos, explicar a utilidade de cada livro a leitores e futuros leitores que, comumente, nem sabiam o quanto poderiam gostar de um livro, e portanto jamais procurariam por ele no e-commerce, por exemplo.

LabPub – Na sua avaliação, abrir livrarias em cidades com até 100 mil habitantes é viável hoje em dia? É um bom negócio?

Diego Drumond – Não sei responder com precisão sobre os limites de viabilidade de uma livraria, pois não tenho experiência de gestão deste tipo de ponto de venda. No entanto, como vendedor de livros, posso dizer que a demanda existe em todos os municípios brasileiros e que, sendo ofertado, o livro vende. Muitas vezes não é só o ponto que precisa ser ajustado, mas também o produto, o preço, a promoção dentre muitos outros fatores. Penso que o mercado editorial deveria buscar formas de pegar carona em mais pontos e distribuições existentes,  que trabalhem com outros produtos, assim conseguiríamos disponibilizar uma pequena amostra do que é uma livraria, enquanto o público não aumentar a ponto de viabilizar uma livraria completa.

LabPub – Quando falamos em venda porta-a-porta, ou venda direta de livros, a imagem é a de uma pessoa tocando a campainha e oferecendo os livros. É assim mesmo?

Diego Drumond – É assim também. E os vendedores encontraram muitas outras formas de buscar novos leitores, de criar venda onde não havia, de ter a chance de argumentar sobre um livro, principalmente com o conceito de ir onde as pessoas estão, ao invés de aguardar que elas venham procura-los. Hoje eles vendem nos comércios, escolas, centros comunitários, grêmios, sindicatos, conversam com as pessoas na rua, nos carros, no transporte coletivo, organizam feiras de livros, eventos literários, e criam as próprias oportunidades de venda.

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