Entrevista com Marcos DeBrito

By 26 de abril de 2019 Blog

Entrevista com Marcos DeBrito

Marcos DeBrito, cineasta e escritor de romances.

Nesta entrevista, convidamos o Marcos DeBrito para uma conversa rápida. Sua paixão por contar histórias o fez se destacar tanto no mercado audiovisual como no literário. Aqui na LabPub, ele é professor do curso Fundamentos de roteiro e narrativa e Academia de Autores. Formado no curso de cinema da FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, em 2003, iniciou a carreira no audiovisual como curta-metragista, arrecadando diversos prêmios em conceituados Festivais pelo Brasil e no exterior. Seu livro de estreia, À Sombra da Lua, foi publicado pela editora Rocco em 2012. Em 2016, assinou com a Faro Editorial para o lançamento do romance O Escravo de Capela em 2017 e A Casa dos Pesadelos em 2018. Leia a entrevista completa abaixo

Você começou sua carreira como cineasta, como veio parar no mercado editorial?

Marcos DeBrito: Como ambos os ramos tem o contar histórias como matéria prima, cair no mercado editorial fluiu naturalmente quando me vi emperrado pelas dificuldades do cinema. Fazer filmes é uma arte coletiva, demorada e muito cara. Você precisa ter recursos financeiros para se sustentar enquanto persegue o sonho de ter um longa-metragem nas salas comerciais e, infelizmente, muitas vezes esse sonho nunca se concretiza. Juntar todas as necessidades de uma produção profissional leva tempo, paciência e a saúde embora. Quando me dei conta de que não conseguiria filmar um roteiro que eu gostava muito, resolvi adaptá-lo como romance e enviar às editoras. Arrisquei as grandes, mesmo sem ter nenhum contato no meio, e meu original foi aceito pela Rocco. Foi lá onde comecei minha história como escritor de romances e hoje, na Faro Editorial, enfim me estabilizei como autor. Não abandonei o cinema — e jamais o farei —, mas dedico a maior parte do meu tempo hoje aos livros.

Qual a maior diferença que sentiu entre os mercados? Como se adaptou?

DeBrito: Sinto o mercado editorial bem menos competitivo do que o do audiovisual, e isso me faz bem. No cinema, estamos todos sempre concorrendo pelas verbas dos editais, vagas em festivais, prêmios, distribuição… O ramo em si é uma competição permanente. Como os valores necessários para fazer um filme são bastante elevados, não existe dinheiro suficiente para que todas as produções sejam realizadas. E quando você perde um edital são meses da sua vida desperdiçados porque sabe que muito provavelmente só poderá arriscar de novo no ano seguinte.

Os públicos desses dois mercados também são bem diferente entre si. Em sua maioria, o leitor é mais amigável e isso nos estimula a continuar escrevendo. As pessoas que estão com seu livro em mãos parecem mais receptivas à obra e mais educadas nas críticas. Já o público espectador é um tanto feroz. Toma como ofensa o tempo que ficou sentado assistindo a um filme que não tenha gostado e faz questão de dizer isso em voz alta e tom agressivo. O diálogo com os leitores é mais amistoso.

Quando você inicia um projeto, você sempre imagina para os dois formatos?

DeBrito: Nem sempre, mas com muita frequência. Criei o hábito de escrever todas as minhas histórias anteriormente como roteiro — para só então adaptá-las como romance — porque me sinto mais confortável com a formatação para o cinema. Se foco na ação e nos diálogos, e não em descrições de ambientes ou sentimentos, consigo ter algo finalizado com maior velocidade. A partir do texto pronto fico mais à vontade para elaborar melhor as descrições literárias. E como fazer um filme é um processo bem mais demorado do que escrever um livro, é proveitoso ter o roteiro antes porque posso ir em busca de patrocínio enquanto o livro já está no mercado.

O que vem por aí, nas telas e nas páginas?

DeBrito: 2019 é um ano de colheita. Estreará nos cinemas em maio o longa-metragem Histórias Estranhas, que é uma antologia de terror realizada por oito diretores. Estaremos por duas semanas em 20 salas da rede Cinemark espalhadas pelo Brasil. Ainda no ramo audiovisual, a adaptação para as telas do meu livro A Casa dos Pesadelos está para sair. Antes do bloqueio de verbas para o Audiovisual por parte do Governo Federal estávamos planejando as filmagens para o segundo semestre deste ano, mas talvez tenhamos que adiar.

No mercado editorial, tenho três livros que sairão este ano: um didático sobre roteiro, escrita criativa e direção cinematográfica chamado Criando Mundos(por enquanto exclusivo para os alunos que fizerem meu curso na LabPub), um livro escrito em conjunto com outros três autores da Faro Editorial (não posso dizer o título ainda, mas será lançado na Bienal do Rio) e a versão pocket de A Casa dos Pesadelos. Tenho um original inédito que gostaria que saísse também este ano, mas ainda está em busca de casa editorial.

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