BRUXAS, FADAS E DEUSAS NA LABPUB E NA LAB+
Cassia Carrenho, Dani Costa Russo, Priscila Dolariano, Carla Bitelli, Mariana Rolier, Cláudia Fusco, Heloísa Buarque de Hollanda, Daniela Senador, Nanete Neves, Dulci Lima, Taty Leite, Esther Carrenho, Lindsay Viola, Maria do Céu Battaglia, Larissa Pelúcio, Anita Bacellar, Camila Cabete, Luciana Borges, Ana Lúcia Palma, Cinthya Müller, Berenice Bento, Síntia Mattar, Danielle Magalhães, Vera Lúcia Alves, Fhoutine Marie, Ângela Figueiredo, Maria Luiza Rocha, Cecilia Arbolave…
Para dar conta da importância desses nomes, e muitos outros, de muitas outras mulheres, na história e o dia a dia dessa escola, entre professoras, colaboradoras, alunas, conjuramos aqui a representatividade real e ativa, muito ativa, da trajetória e das palavras de Heloísa Buarque de Hollanda, na aula de abertura do curso UMA HISTÓRIA DO FEMINISMO:
Feminismo deve ser perigoso. Porque é uma palavra muito temerária. Eu sou de 1960, quando explodiu o feminismo. Eu era do movimento estudantil, do CPC (Centro Popular de Cultura), dava abrigo para guerrilheiro, mas feminismo eu achava que não era a minha, porque me sentia bem, não sofria preconceito – olha a loucura […] Sou uma feminista de terceira onda, de 1980. As feministas eram as ativistas. Mas o povo da cultura, profissionais liberais, a mulher não-ativista não se supunha feminista. E é uma palavra temerária há muito tempo. Quando apareceu o primeiro movimento, que foi o sufragista, houve o primeiro backlash, termo que se usa em inglês mesmo, para mostrar a reação que algo causa. Você dá um passo à frente e vem uma reação forte. O movimento feminista é todo assim, de backlashes. Não é uma luta só para frente, é em ondas: ela vai, tem o tal do backlash, recolhe e volta. E essa metáfora da onda é muito feliz para falar de feminismo […]
Eu tinha duas perguntas que nunca consegui calar. Por que as mulheres do feminismo são tão ameaçadoras em todo e qualquer sistema político econômico? Na Idade Média era terrível, queimaram as mulheres, e hoje continua um backlash terrível, em que você vê toda uma moral se levantando, vozes que estavam quietas, moralistas, fundamentalistas, contra o feminismo. Por que tanta ameaça em torno de um movimento que só quer direitos iguais, simples assim? […]
A outra pergunta é: por que as demandas das mulheres continuam as mesmas? Já tinha o estupro, o aborto, na Idade Média. É a mesma que está hoje rejeitada pelo Congresso. A violência domestica é uma pauta secular para as mulheres, e só faz aumentar o feminicídio. Então, por que as feministas pedem e não conseguem?
Dessas questões nasceu o curso UMA HISTÓRIA DO FEMINISMO, que é um dos que estão à disposição para os assinantes da LAB+, ele próprio uma celebração ao dia internacional das mulheres, ao lado de outros como FEMINISMO NEGRO: PERSPECTIVAS TEÓRICAS E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO, ANGELA DAVIS: FEMINISTA, MARXISTA, ANTIRRACISTA E ABOLICIONISTA PENAL e BRUXAS, FADAS E DEUSAS: A HISTÓRIA DO FEMININO NA LITERATURA FANTÁSTICA, que emprestou seu título a esse post-homenagem.